Engraçado. Todos agora falando de “Baleia Azul” e de suicídio juvenil, todos preocupados, como se o problema fosse novo. Mas, o mais engraçado é que estão querendo acabar com o jogo, ou ainda, os mais ousados dizendo que é falta de chinelo. Me impressiona isso, porque não se está atacando a raiz do problema. O adolescente que entra no jogo e vai até o fim não faz isso de um dia para o outro. Muitas tarefas do jogo são de automutilação.
Me pergunto: como os pais (e também educadores nas escolas) não percebem que o adolescente está com cortes nos braços, na palma das mãos, nos lábios? Ficar um dia sem conversar com ninguém e isolados de tudo e todos. Como não percebem que o filho sai de casa durante a madrugada? Será que o problema está somente no jogo? Diria mais, e os jovens que buscam suicídio por não se sentirem aceitos em sua própria casa por suas escolhas?
Tomemos cuidado! O jogo está tirando os nossos adolescentes e jovens, mas eles estavam realmente conosco? É fácil culpar os adolescentes e jovens, difícil é fazer exame de consciência e ver onde estamos falhando.
Nesse sentido, mesmo os jovens que buscam o suicídio, o fazem em busca da felicidade, pela busca da vida, usam da morte para encontrar o sentido da vida. Parece contraditório e paradoxal, todavia toda “fuga da vida” é uma tentativa de buscar respostas e de preencher o vazio existencial.
Vamos aprender com os extremos a amar mais nossos jovens, a nos preocupar com suas dores e não dizer “que são bobagens”. Precisamos, realmente, ouvi-los e demonstrar que nós os amamos. Se nós não fizermos isso, alguém mal-intencionado o fará.
Pe. Rudinei Zorzo
Referencial do Setor Diocesano da Juventude de Caxias do Sul.